Mais uma chacina recente ocorrida
em escola estadunidense de Sandy Hook, em Newtown, (re) coloca em discussão a
relação existente entre violência crimes e circulação de armas de fogo.
As tragédias de morte com uso de
arma de fogo se sucedem em
histórico preocupante tendo como palco predominante escolas, agências de socialização como as
famílias para aquisição de modos, costumes e recursos para melhor convívio em
sociedade.
O Massacre de Columbine,
registrado com maestria na lente do Diretor Michael Moore, ocorreu em 1999 e
dali para diante nada mudou.
Assim como, apesar da ignorância
(ingênua e feliz) de muitos,
lamentavelmente vivemos
numa narcodemocracia, - ou seja, as drogas integram o agir estatal, que diante
delas só sabe reagir repressivamente e sempre por intermédio do uso banalizante
do direito penal para auferir seus dividendos de capital, para atender a
demanda de quem interessa um proibicionismo quase sem limites, - as armas
também integram uma estrutura econômica de um capitalismo de mercado destrutivo
e aniquilador.
Será mesmo novos tempos para uma
nova política de controle de armas? Really
new time for changes in gun control? I don’t think so.
É impressionante a capacidade da
sociedade estadunidense encontrar motivos no cinema, na televisão e até mesmo
(pasme-se) em jogos de vídeo-game para, diante de causas plurais e complexas,
atribuir culpa de uma cultura nefasta doentia absolutamente armamentista não só
predatória da natureza, mas ceifadora de vidas humanas em progressão
geométrica.
Realmente não há como receber de
outro modo a notícia risível de que certas autoridades estadunidenses passaram
a defender a necessidade de segurança armada nas escolas e não propriamente a
restrição drástica do critério de mercado que estimula e permite que haja
compra e venda de drogas mais ou menos como ocorre com pães e batatas.
A solução é coerente, claro. Para
resolver o problema do mercado, dê-se mais mercado. Ao invés de se restringir os lucros e a “mais-valia” de quem
fatura dinheiro às custas da eliminação em massa de vidas alheias por
disseminação da violência, aproveita-se a oportunidade para aumentar ainda mais
a sensação irrazoável e muitas vezes paranóica de insegurança (já bem alertada
por Bauman) cuja demanda, evidente, movimenta uma economia cada vez mais ética
e mais distante do paradigma da conservação e incremento da vida (para lembrar
Dussel).
Do mesmo modo que pães e batatas são alimentos que faltam a pobres e
loucos de fome que somam mais de um bilhão de pessoas no mundo (que ainda um
dia há de acabar por conta disso e não por crenças cosmogônicas ou teológicas
infundadas e assimiladas com irritante espaço nos alienantes meios de
comunicação social massivos), em verdade o comércio de armas e munições nos
Estados Unidos (e daí para o mundo na guerra perdida do narcotráfico) nada mais
é do que o alimento de um sistema-mundo doente por uma economia com apetite
cada vez mais voraz de destruir subjetividades e projetos democráticos de um
respeito efetivo ao paradigma de direitos humanos, que vai longe de algo
puramente ocidental, democrático ou capitalista.