sexta-feira, 27 de maio de 2016

71 anos depois de Hiroshima...a indústria da Guerra não perde força: mesmo no Japão!





Obama tem feito um encerramento do seu mandato muito mais próximo e a altura das expectativas da esperança transformadora que cercou sua (re)eleição.

Suas visitas históricas (Cuba, Vietnã e agora Japão, para ficar em 3 exemplos) e falas recentes devem ser vistas com os duros limites e quase incontornáveis de como toca a  política nos Estados Unidos entre republicanos e democratas, inclusive diante do risco “Trump”.

Acontece que a “Revolução Moral” proposta para que o passado ensine o presente exige enfrentar o “livre mercado” com a regulação devida; exige, no mínimo, temperar o capitalismo voraz largamente vigente com um pouco mais de equidade e desconcentração de renda, com melhor distribuição da terra, com menos rentismo e menos exploração. Isso e muito mais.

A capacidade do homem produzir o mal é inerente ao sistema econômico tido como apropriado para nosso tempo e lugar, como o modelo que "deu certo". É preciso lutar por um sistema mais justo, o mesmo sistema que faz com que as bombas em Hiroshima-Nagasaki não sejam uma lembrança de 71 anos atrás, já que guerras contemporâneas, mesmo sem bombas nucleares (ainda que nesse aspecto tenha havido alguns avanços, tais como o acordo com o Irã), continuam a acontecer todos os dias.

Se antes eram campos de concentração movidos por um ditador insano, hoje são campos de refugiados tolerados por líderes europeus e do mundo, sobrando medo e violência em nome da “Guerra ao terror”, como se boa parte do combustível não tivesse uma origem colonial em verdadeiro efeito rebote.

Aliás, muito do que pode e deve mudar poderia começar por Israel…oprimido de ontem, opressor de hoje. 

Mas voltemos ao Japão e à visita de Obama. O Japão, enfim, como nação, visto na perspectiva da história, parece ter aprendido, de fato, alguma coisa; de império do passado, o país, desde 1945, com base na sua previsão constitucional que retira o direito de Guerra do Estado (apesar de ste manter forças armadas estruturadas),  nunca mais enviou um soldado sequer para qualquer tipo de combate, um recorde de pacifismo comprovado. 

A despeito disso, o governo do Primeiro Ministro liberal-democrata Shinzo Abe insinua querer mudar a ordem das coisas, inclusive noticiando intenção de emendas à Constituição, usando como justificativa o crescimento da China e o empoderamento nuclear da Coreia do Norte, ou seja, o mesmo discurso do medo…Nos últimos tempos, Abe já conseguiu aumentar o orçamento militar, permitir exportação de armas, atitudes com as quais o “never again” gravado no memorial de Hiroshima fica sob risco e ameaça (mesmo que eventual mudança exija quórum qualificado de 2/3 e um referendo nacional).

Dito isso, é de se questionar se a visita dos Estados Unidos (que não foi, de fato, um pedido de desculpas) não terá subliminar motivação comercial-militar para investimentos na indústria da guerra?

A motivação segue sendo a mesma, sem mudar a raiz do problema, ele persistirá. Mais de 200 mil pessoas morreram em Hiroshima-Nagasaki…hoje, mais de um bilhão de pessoas passam fome no mundo e isso parece ser algo tolerado e naturalizado.

Como bem afirmou Obama dias antes da visita, definitivamente,  “the job is not done”!Não mesmo!