sábado, 30 de janeiro de 2010

Um ano de Obama: what's up?


1. Não resta dúvida de que a eleição do Presidente Estadunidense Barack Obama representa um verdadeiro problema para quem prefere tratar e pensar a gestão governamental dos yankees dentro da política do “quanto pior melhor” (por mais que o planeta deva agradecer sua escolha).

2. De qualquer forma, um ano já passou do seu governo e a pergunta que fica é: a gestão Obama ampara-se apenas no discurso simbólico-retórico para, na verdade, “mudar não mudando” ou o que vemos trata-se de uma verdadeira tentativa de transformação paradigmática?

3. Que o speech (discurso) é ideológico e bem forjado, não resta dúvida. Cada fala não só parece bem medida e construída, como também é sempre pronunciada com otimismo, entusiasmo, virtudes que lhe emprestam aparente credibilidade. Todavia, sob o outro prisma, por vezes não se escapa da impressão de que algumas cenas da excessiva e midiática exposição do Presidente ao Legislativo lembram uma apresentação circense, por mais que Obama esteja longe, muito longe de ser o palhaço (não se pode dizer o mesmo dos sorrisos artificiais “no fundo”... que dizer então dos obedientes aplausos em pé, tudo no melhor estilo de auditório do cada vez mais arruinado do american way of life...). Definitely, he is not a clown, muito pelo contrário, possui intelecto distinto e privilegiado.

4. Uma reconhecida jornalista política do Wall Street Journal (Peggy Noonan) escreveu bem outro dia dizendo que Obama é contraditório, pois ao mesmo tempo que critica os EUA, também sustenta que o “desenvolvimento” do país pode ser modelo para o resto do mundo.....

5. Diria eu que Obama é persuasivo e ao mesmo tempo misterioso. Se por vezes parece um grande demagogo com exposição global destacada no perverso “sistema mundo”, não é menos verdade que alguns de seus projetos podem empolgar os mais otimistas (ou ingênuos...vai saber).

6. Será Obama mais um Chefe do Executivo norte-americano em busca da “maximização do auto-interesse” em detrimento de altruísmo com as outras nações do planeta ou, ao contrário, estamos diante de um Presidente Estadunidense disposto a implementar uma nova “ética” na Casa Branca?

7. Fato é que se realmente conseguir implementar o health care e outras reformas, se realmente mostrar que o modelo de vida estadunidense is really broken (verdadeiramente quebrado), que uma verdadeira “democracia material” é muito diferente do que hoje se pratica na “terra do Tio Sam”, a antipatia contra os “americanos” (na verdade, estadunidenses, pois americanos também somos todos nós do Brasil, da Argentina, do Uruguai, do Paraguai, etc. - lição aprendida com o grande Professor Nildo Ouriques) tende a diminuir vertiginosa(e assustadoramente).

8. Certo é que as promessas de Obama foram grandes e proporcionais à esperança; as realizações, até agora, um tanto quanto escassas e rarefeitas...de qualquer modo, a impressão é que a “interpretação comum” ainda lhe favorece...até quando ninguém sabe.

9. Resta esperar (e apostar) para ver, assistir...just like a TV show....no sofá, com cerveja, mas infelizmente sem controle remoto!

domingo, 24 de janeiro de 2010

28 de janeiro para lembrar JOSÉ MARTÍ...e encerrar mais um Fórum Social Mundial



“Vea eso
en mí, y no más: un peleador; de mí, todo lo que ayude a fortalecer y ganar la pelea” José Martí

  1. Voltando à vida (e a luta), passado período de troca de ano e renovação (real ou fictícia) da esperança, sempre bom buscar inspiração na recordação de pessoas que por aqui passaram e fizeram toda a diferença.
  2. Recordar, afinal, como ensina EDUARDO GALEANO, nada mais é do que transpor passagens, imagens e lembranças pelo filtro solidário do coração, sentimental estratégia necessária para enfrentar a saudade de um presente angustiante que também precisa aprender a revirar o passado em busca de alguma história ou instrumento que auxilie e traga sentido à contínua busca de dias e tempos melhores...(não só para os homens, mas também e sobretudo para o planeta).
  3. Todo esse contexto bem pode ser aplicado quando se quer falar de JOSÉ MARTÍ (1853-1895), mais um valoroso e singular ser humano que, por perseverar (e acreditar) em suas ações e ideais, concentrou sua trajetória política, literária, jornalística e intelectual em busca de uma grande e permanente aspiração da humanidade: li-ber-da-de!
  4. JOSÉ MARTÍ foi mais um legítimo revolucionário que, leal às suas convicções, viveu e lutou do seu modo e maneira pela independência da sua pátria (Cuba), pela dignidade do seu povo e, muito mais do que isso, pela própria construção de um caminho mais próspero e digno a toda América Latina...
  5. De formação precoce literária e humanista, já cedo destacava-se pelo conteúdo de sua produção, ampla e diversificada ao ponto de reunir cartas políticas e peças teatrais...
  6. Na adolescência, em 1868, MARTÍ assiste o primeiro registro simbólico da independência cubana (Grito de Yara)...não por acaso com apenas dezessete anos este mártir-prodígio já começa a enfrentar as perseguições dirigidas a quem simplesmente não aceitava ver seu pedaço de chão (e mar) submetido ao tratamento colônia espanhola.
  7. Mesmo no período histórico da mortífera Guerra dos Dez Anos (1868/1878), que custou duzentas mil vidas em Cuba, nem mesmo o exílio forçado na Espanha (iniciado em 1871) impediu que “PEPE” escrevesse sua obra “A república espanhola e a revolução cubana”, publicada em 1873, mesma época de lançamento de “O capital” de MARX, um ano antes da formatura de MARTÍ em Direito em Zaragoza;
  8. Mais do que evidente, portanto, que a dimensão da pátria libre de MARTÍ, mentor da Revolução Cubana no seu primeiro e inicial momento, transcendia os limites geográficos da ilha para o fim de alcançar toda a América Latina, ideal que posteriormente foi renovado pela vivência de CHE GUEVARA, outro genuíno revolucionário que não queria libertar apenas um país, mas sim o continente inteiro, quiça o mundo...
  9. Sucessivos exílios (França, Inglaterra, México, Guatemala) fizeram MARTÍ aprender que amor con amor si paga, assim como “ódio” merecem todos aqueles que fazem do interesse próprio “palco” para opressão de um povo no seu próprio domínio; à “PEPE”, aliás, muito clara era a compreensão da natureza humana como algo que não pode ser passivo, mas sim reativo, afinal “el homem que clama vale más que el que suplica (...) los derechos se toman, no se piden; se arrancan, no se mendigan.
  10. Foi no contexto de ver e experimentar uma Cuba dividida entre a vontade de expulsar espanhóis sem correr risco de “anexação” aos Estados Unidos que JOSÉ MARTÍ foi forjando sua própria noção de pátria, ideia matriz construtora do Partido Revolucionário Cubano (PRC), objetivo atingido em 1892, marco inicial da liderança e da genuína revolução implementada historicamente na sua hermosa y querida isla...Afinal, para MARTÍ a independência de Cuba tinha um alcance maior para todo o continente, qual seja, “impedir a tiempo con la independencia de Cuba que se extiendan por las Antillas los Estados Unidos y caigan, con esa fuerza más, sobre nuestras tierras de América. Cuanto hice hasta hoy, y haré, es para eso”.
  11. Por essas e outras que, no sinuoso e complexo processo da autonomia cubana, de toda a luta travada e desenvolvida (começada no século XIX e retomada na segunda metade do século XX quando da derrubada da Ditadura opressora de Fulgêncio Batista), coube à MARTÍ representar o papel diferenciado de um revolucionário intelectualizado cujo calibre de atuação, repita-se, tinha a alteridade de ir muito além de um país, de um território, de um tempo...
  12. Já que para JOSÉ MARTÍ lutar pela pátria consistia na verdadeira atribuição de sentido à experiência humana, representando o fim da natureza, a luz da felicidade, a claridade da alma capaz de dar ao corpo repouso merecido depois do sacrifício, nada melhor do que (re) começar o primeiro mês do calendário com a memória do brio e a capacidade obstinada e indignada de quem quis fazer o melhor de sua parte para cumprir com a permanente, utópica e atemporal missão: construir um horizonte-mundo melhor e progressivamente mais justo...
  13. Afinal a “boa política” está aí para, na sua arte, nas palavras de MARTÍ, inventar un recurso a cada nuevo recurso de los contrarios, de convertir los reveses en fortuna, razão pela qual já é mais do que chegada a hora de edificarmos novo projeto de sociedade a partir de melhores fundamentos bases...
  14. Que no próximo 28 de janeiro possamos comemorar a lembrança do aniversário de MARTÍ lembrando que sua obra sigue siendo hoy, luego de más de un siglo de escrita, una guía para compreender muchas de las desventuras que agobian al continente americano, desde la ceguera antes Estados Unidos hasta el papel subalterno a que se condena muchas vezes la política. En su prosa vibra ese ritmo que moviliza los espíritus, y en sus poemas late una sensibilidad que el tiempo no hace sino agigantar
  15. Vem aí mais um Fórum Social Mundial (23 a 28 de janeiro)....la lucha sigue....longe e distante da morte.... mais viva (viva mais) do que nunca!