"Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia"
Chico Buarque
Uso minha liberdade de expressão para dizer que não vejo mínimas razões para acreditar no recém empossado Governo do ex-Deputado Federal, agora Presidente, Jair Messias Bolsonaro. Apesar do seu nome, não o vejo como "salvador" de absolutamente nada. Ao contrário, o vejo como um "risco" e um "perigo" concreto à democracia, à soberania nacional e aos direitos humanos. Um verdadeiro retrocesso.
Só mesmo um país como o Brasil, que nunca teve justiça de transição, para eleger alguém que não reconhece que tenha havido uma Ditadura Militar (1964-1985) com muitas vítimas. Mais do
que isso, quem celebra e zomba da tortura como terror.
Não é possível acreditar em alguém que fala em "verdade" da Bíblia, mas que, quando candidato,fez uma campanha baseada em muita mentira, "acima de tudo" e "acima de todos".
Não é possível ter esperança com alguém que prega a violência e as "armas" como resposta.
Bolsonaro, parlamentar medíocre por quase trinta anos (sete mandatos), com diversas propostas de leis absurdas e dois projetos aprovados, definitivamente, não tem nada de novo, ainda que incrivelmente tenha conseguido se "vender" como tal.
Também não acredito que Bolsonaro represente alguma mudança no combate à corrupção. A corrupção também está nos cargos comissionados providos indevidamente, inclusive para familiares. Os fatos (e "costumes") falam por si.
O discurso de ódio (ou odiento) de Bolsonaro é pobre como o senso comum dos seus tuítes. Nele não há nem o mínimo rascunho ou esboço de um projeto para desenvolvimento do país, sobre os nossos reais e históricos problemas.
Bolsonaro fala em submissão ideológica, certamente sem condições de resistir a um debate mínimo sobre o que seja ideologia, inclusive a sua. A sua colonialidade do "saber" dispensa apresentações. Muitas e evidentes são as suas limitações, em todos os sentidos.
Alguém que promete uma política externa favorável aos excessos Israel, contrária à integração da América Latina e subserviente ao Império Estadunidense, já mereceria todas as reservas. Trata-se da colonialidade do poder posta em prática.
E o que dizer de um militar reformado (aliás, sob curiosas e particulares circunstâncias) que, antes de ser um nacionalista de verdade, escolhe um Ministro da Economia (que, como diria Paulo Passarinho, está mais para um "Ministro da Liquidação") que é um "chicago boy" e aparente "vende-pátria"?
Desculpem os ingênuos ou mal intencionados: esse "mito", para lembrar de Fernando Pessoa,
está muito mais para "nada" do que para "tudo".
Sem nunca ter tido um governo verdadeiramente de esquerda (muito longe disso), o Brasil está
condenado a quatro anos de um governo de extrema-direita, que provavelmente fará muito estrago no já erodido e ausente Estado social brasileiro.
Mesmo numa eleição com 30% de abstenção, brancos e nulos, o fato é que a maioria dos brasileiros elegeu o "mito" como Presidente (o "ele sim!" venceu o inédito "ele não") e, agora, justa e merecidamente, deverá provar do seu tosco "gatilho".
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