domingo, 1 de março de 2009

O Legislativo brasileiro entre a filosofia da “Escola de Frankfurt” e a poesia de Fernando Pessoa


A filosofia no século XX teve momento importante com a concretização da “Escola de Frankfurt” e seus muitos pensadores intelectuais revolucionários e rompedores de paradigmas (entre eles MAX HORKHEIMER, THEODOR ADORNO, WALTER BENJAMIN, HERBERT MARCUSE).
Se foi ou não uma escola filosófica no sentido estrito e técnico-conceitual do termo pouco importa, pois fato inegável é reconhecer que a reunião e o grupo dos extraordinários intelectuais da “Escola de Frankfurt” buscavam algo que deveria ser atitude essencial de todo e qualquer ser humano e instituição que pretenda ser democrática: massa crítica e transformação da realidade.
A “Escola de Frankfurt” tanto merece valor e reflete uma postura revolucionária que o seu período de latência e experimentação tem seu início marcado na década de 1930, atravessa o período de ascensão e queda do Reich (1937/1945), Segunda Guerra Mundial (1939/1945), chegando com ótimas e, sobretudo, originais idéias nas décadas de 50 e 60, talvez o ápice de seu desenvolvimento teórico e prático.
Tanto era verdadeiro o impacto da “leitura crítica” proporcionada pela corrente que a sede do seu Instituto de Pesquisas Sociais, ao longo dos anos, experimentou variação especial de Frankfurt para Genebra, Paris e Estados Unidos, por mais que a origem do movimento tenha ficado marcada no nome que a designa. Tudo que não faltou à Escola de Frankfurt foi necessidade de se adaptar as mudanças, não só de espaço, como de seu tempo.
Se enfrentar a crise filosófica e a crise política constituíram algumas importantes premissas da referida corrente de pensamento, que abordou temas essenciais como a problematização do conhecimento, a ‘indústria cultural” e as suas estruturas ideológicas e alienantes de dominação, certamente que muitos dos seus postulados podem ser úteis para a compreensão do mundo que vivemos, mais especialmente, do cenário político do Brasil que habitamos, onde, infelizmente, no topo do Poder Legislativo, com as recentes posses dos Presidentes SARNEY e MICHEL TEMER, lembrando a lucidez de CAZUZA, podemos ver o futuro repetir o passado num museu de grandes novidades por mais que o tempo realmente não pare!
O Poder Legislativo brasileiro, infelizmente, do Congresso Nacional, das Assembléias Estaduais às Câmaras de Vereadores Municipais, salvo pontuais exceções, continua impregnado pela patológica demissão do seu papel constitucional, pelo domínio das emendas “de interesse” de currais eleitorais, pelos sucessivos escândalos de corrupção, pela imoralidade administrativa, na legislação em causa própria, entre muitos outros problemas. Pior do que isso é saber que Congresso Nacional e suas Casas Legislativas, ápice deste Poder de Estado nos termos da Constituição, a julgar pelos seus “novos” Presidentes, mudam não mudando.
Enquanto o quadro for este, o cenário legislativo no Estado Federativo brasileiro continuará lembrando as brilhantes lições e interpretações contidas na obra do poeta português FERNANDO PESSOA, segundo o qual “há só uma janela fechada e todo o mundo lá fora; e um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse; que nunca é o que se vê quando se abre a janela”.
Resta a esperança proporcionada pela visão crítica e revolucionária de que, apesar de tudo, não podemos perder o horizonte de sentido e talvez ainda valha apostar e acreditar que, tal como a Escola de Frankfurt foi produto do seu tempo que conseguiu atravessar o período de escuridão, angústia e desespero do holocausto, quem sabe um dia possamos vislumbrar horizonte melhor para um Poder de Estado (Legislativo) que literalmente precisa dizer a que veio e cumprir com os objetivos de nossa República (artigo 3º da Constituição).
Do contrário, na falta de “massa crítica” e poder de transformação da perversa realidade social brasileira, voltando a FERNANDO PESSOA, restará o medo e a angústia de conformidade de que o retrato do Poder Legislativo brasileiro “é mais estranho do que todas as estranhezas e do que os sonhos de todos os poetas e os pensamentos de todos os filósofos que as cousas sejam realmente o que parecem ser e não haja nada que compreender; sim, eis o que meus sentidos aprenderam sozinhos, as coisas não tem significação: tem existência; as cousas são o único sentido oculto das cousas”.

2 comentários:

  1. E tudo continua como antes, no quartel de abrantes.... Lamentavel, lamentavel mesmo!

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  2. hehehe....como sempre escolheste divinamente a imagem para "ilustrar" teu texto 'O legislativo brasileiro entre a filosofia da "Escola de Frankfurt" e a poesia de Pessoa' o Inferno Musical de Buregel.

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