“Vea eso en mí, y no más: un peleador; de mí, todo lo que ayude a fortalecer y ganar la pelea” José Martí
- Voltando à vida (e a luta), passado período de troca de ano e renovação (real ou fictícia) da esperança, sempre bom buscar inspiração na recordação de pessoas que por aqui passaram e fizeram toda a diferença.
- Recordar, afinal, como ensina EDUARDO GALEANO, nada mais é do que transpor passagens, imagens e lembranças pelo filtro solidário do coração, sentimental estratégia necessária para enfrentar a saudade de um presente angustiante que também precisa aprender a revirar o passado em busca de alguma história ou instrumento que auxilie e traga sentido à contínua busca de dias e tempos melhores...(não só para os homens, mas também e sobretudo para o planeta).
- Todo esse contexto bem pode ser aplicado quando se quer falar de JOSÉ MARTÍ (1853-1895), mais um valoroso e singular ser humano que, por perseverar (e acreditar) em suas ações e ideais, concentrou sua trajetória política, literária, jornalística e intelectual em busca de uma grande e permanente aspiração da humanidade: li-ber-da-de!
- JOSÉ MARTÍ foi mais um legítimo revolucionário que, leal às suas convicções, viveu e lutou do seu modo e maneira pela independência da sua pátria (Cuba), pela dignidade do seu povo e, muito mais do que isso, pela própria construção de um caminho mais próspero e digno a toda América Latina...
- De formação precoce literária e humanista, já cedo destacava-se pelo conteúdo de sua produção, ampla e diversificada ao ponto de reunir cartas políticas e peças teatrais...
- Na adolescência, em 1868, MARTÍ assiste o primeiro registro simbólico da independência cubana (Grito de Yara)...não por acaso com apenas dezessete anos este mártir-prodígio já começa a enfrentar as perseguições dirigidas a quem simplesmente não aceitava ver seu pedaço de chão (e mar) submetido ao tratamento colônia espanhola.
- Mesmo no período histórico da mortífera Guerra dos Dez Anos (1868/1878), que custou duzentas mil vidas em Cuba, nem mesmo o exílio forçado na Espanha (iniciado em 1871) impediu que “PEPE” escrevesse sua obra “A república espanhola e a revolução cubana”, publicada em 1873, mesma época de lançamento de “O capital” de MARX, um ano antes da formatura de MARTÍ em Direito em Zaragoza;
- Mais do que evidente, portanto, que a dimensão da pátria libre de MARTÍ, mentor da Revolução Cubana no seu primeiro e inicial momento, transcendia os limites geográficos da ilha para o fim de alcançar toda a América Latina, ideal que posteriormente foi renovado pela vivência de CHE GUEVARA, outro genuíno revolucionário que não queria libertar apenas um país, mas sim o continente inteiro, quiça o mundo...
- Sucessivos exílios (França, Inglaterra, México, Guatemala) fizeram MARTÍ aprender que amor con amor si paga, assim como “ódio” merecem todos aqueles que fazem do interesse próprio “palco” para opressão de um povo no seu próprio domínio; à “PEPE”, aliás, muito clara era a compreensão da natureza humana como algo que não pode ser passivo, mas sim reativo, afinal “el homem que clama vale más que el que suplica (...) los derechos se toman, no se piden; se arrancan, no se mendigan.
- Foi no contexto de ver e experimentar uma Cuba dividida entre a vontade de expulsar espanhóis sem correr risco de “anexação” aos Estados Unidos que JOSÉ MARTÍ foi forjando sua própria noção de pátria, ideia matriz construtora do Partido Revolucionário Cubano (PRC), objetivo atingido em 1892, marco inicial da liderança e da genuína revolução implementada historicamente na sua hermosa y querida isla...Afinal, para MARTÍ a independência de Cuba tinha um alcance maior para todo o continente, qual seja, “impedir a tiempo con la independencia de Cuba que se extiendan por las Antillas los Estados Unidos y caigan, con esa fuerza más, sobre nuestras tierras de América. Cuanto hice hasta hoy, y haré, es para eso”.
- Por essas e outras que, no sinuoso e complexo processo da autonomia cubana, de toda a luta travada e desenvolvida (começada no século XIX e retomada na segunda metade do século XX quando da derrubada da Ditadura opressora de Fulgêncio Batista), coube à MARTÍ representar o papel diferenciado de um revolucionário intelectualizado cujo calibre de atuação, repita-se, tinha a alteridade de ir muito além de um país, de um território, de um tempo...
- Já que para JOSÉ MARTÍ lutar pela pátria consistia na verdadeira atribuição de sentido à experiência humana, representando o fim da natureza, a luz da felicidade, a claridade da alma capaz de dar ao corpo repouso merecido depois do sacrifício, nada melhor do que (re) começar o primeiro mês do calendário com a memória do brio e a capacidade obstinada e indignada de quem quis fazer o melhor de sua parte para cumprir com a permanente, utópica e atemporal missão: construir um horizonte-mundo melhor e progressivamente mais justo...
- Afinal a “boa política” está aí para, na sua arte, nas palavras de MARTÍ, inventar un recurso a cada nuevo recurso de los contrarios, de convertir los reveses en fortuna, razão pela qual já é mais do que chegada a hora de edificarmos novo projeto de sociedade a partir de melhores fundamentos bases...
- Que no próximo 28 de janeiro possamos comemorar a lembrança do aniversário de MARTÍ lembrando que sua obra sigue siendo hoy, luego de más de un siglo de escrita, una guía para compreender muchas de las desventuras que agobian al continente americano, desde la ceguera antes Estados Unidos hasta el papel subalterno a que se condena muchas vezes la política. En su prosa vibra ese ritmo que moviliza los espíritus, y en sus poemas late una sensibilidad que el tiempo no hace sino agigantar
- Vem aí mais um Fórum Social Mundial (23 a 28 de janeiro)....la lucha sigue....longe e distante da morte.... mais viva (viva mais) do que nunca!
...Bem a questão sobre teu escrito, é que ele evidencia uma “fala” que mesmo trazendo um conteúdo de referência, não abandona a preocupação com o cotidiano do homem concreto. Não há como falar de América Latina, sem falar de José Martí, não há como falar de (como escreveste) uma - li-ber-da-de latina, sem considerar este homem que ao olhar para sua Cuba, também olhou para toda uma história que abraça como tu disseste, citando Ernesto - CHE Guevara - a história e a liberdade de um “continente inteiro”. Mesmo com toda esse pseudo movimento de conhecimento nós muitas vezes nem sequer falamos das pessoas que deram uma visibilidade a América Latina, pois esquecemos nossa “latinidad”, e fica mais significativo referenciar o “estrangeiro mais figurativo”... Iniciaste com Galeno... então finalizo, parabenizando sua “fala”, também com Galeno (“O Livro dos Abraços”):
ResponderExcluir“A alienação na América Latina: um espetáculo de circo. Importação, impostação: nossas cidades estão cheias de arcos do triunfo,obeliscos partenons.(...)”
Talvez o que nos falta na essência, é poder ser ver enquanto “latinos”....
Olá
ResponderExcluirParabéns pelo blogue!
Excelente a lembrança ao José Martí e a esta pátria grande que nos pariu! Nossa América
Abraços