Que tal "coincidentemente" reunir todos aqueles que lhe causaram algum mal em um avião?
Pasternak.
Encontrar o agiota que arruinou sua família em plena
campanha política? Las ratas.
Fazer da estrada o espaço para uma mortal luta de classes? El
más fuerte.
Explodir o carro teimosa e repetidamente guinchado indevidamente para chamar atenção para o modo
de funcionamento do sistema em protesto à burocracia que por vezes nos faz motivo de deboche? La bombita.
Negociar sem limites para proteger o filho criminoso? La
propuesta
Sair das aparências à essência de um casamento? Hasta
que la muerte nos separe.
Seis histórias de um mundo cada vez mais cruel, intolerante
e selvagem. Injusto.
Escolhas certas ou erradas que cobram suas consequências na
montanha russa instável que é a vida nas suas inexoráveis contradições cotidianas,
contemplando frustrações, ofensas, cobranças,
irritações, corrupção etc.
Vingança, dinheiro, ganância, traição e honra como alguns
pontos comuns de um filme certamente diferenciado.
Apesar de toda a nossa celebrada racionalidade que nos
distingue dos animais, como ensina Nietzsche, a verdade é que somos “humanos,
demasiado humanos” e por vezes estamos no limite e sujeitos a explodirmos em
situações cumulativas ou particularmente desconcertantes.
Da ordem ao caos pode mediar muito pouco, do mesmo modo da
covardia à coragem. Todos podemos perder
el control...
Tudo depende da perspectiva da câmera, dos lado e dos
ângulos da história, dos limites éticos e morais que nos colocam à prova em
situações-limite.
Mérito para a Direção genial de Damián Szifron. Pedro e seu
irmão mais novo Agustín Almodovar na coprodução também merecem registro.
Trata-se do filme mais visto na Argentina no ano de 2014, não por acaso.
Eis aqui uma boa dose de reflexão
para um tempo de desumanidades, de intolerância e de violência.
A explosão pode estar no avião, na comida, no carro ou até mesmo mesmo
no espelho de uma festa de casamento.
A combustão depende dos recursos internos de cada um. A linguagem
oficial da justiça muitas vezes não basta para o desejo e o impulso de se agir em mão própria em busca do gozo.
Da vida à morte, da civilização à barbárie, pode-se andar
muito...ou pouco. Tudo depende das circunstâncias e do momento. Sem perder o
humor (negro?) e com direito à trilha sonora impecável.
No amor, claro, pode residir a esperança, a única solução e
salvação de final imprevisivelmente feliz.
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