Por trás do termo genérico “crise”, de se notar que os meios de comunicação de massa, de modo geral, têm exagerado na sua capacidade e poder de (des) informar. Muitos desses veículos de imprensa, na estreiteza de ângulo que lhes é peculiar, ao mesmo tempo em que realizam bombardeio de notícias aludindo ao tema “da crise”, não produzem suas matérias com conteúdo minimamente suficiente e qualitativo para que a sociedade pense o problema com propriedade, a partir da raiz e origem das coisas.
De outro lado, enquanto falta aprofundamento da discussão do alcance e das múltiplas razões e causas “da crise”, nos mesmos jornais, noticiários e periódicos sobra espaço para desfile das vaidades (quando não frivolidades) dos representantes políticos governistas de plantão, intervenções que, por sua vez, não são submetidas ao debate crítico e construtivo junto com a população, no máximo sendo "mediadas" com as intervenções de alguns selecionados “especialistas”, que são quase sempre os mesmos.
O ambiente é de total falta de legitimidade democrática. A pauta da imprensa nacional, inclusive internacional, copia os piores “tablóides” ao se preocupar com as últimas fotos íntimas que foram descobertas envolvendo a esposa de um determinado governante conservador “de direita” ou mesmo com os filhos reconhecidos posteriormente por outro Presidente latino-americano identificado como “de esquerda” do que, propriamente, com a discussão da diferença dos seus governos e discursos. A pessoalidade é a nota predominante. Qualquer reprodução e acompanhamento de encontro ou visita simbólica aqui e ali fica resumido em cumprimentos, fotos, aperto de mão, quando não propriamente limitado à transcrição de frases de ocasião repetidas exaustivamente sem mínima contextualização, como se todos fossemos idiotas.
Muito se diz, muito se fala da tal “crise”, mas dela pouco verdadeiramente se informa.
As cenas, entrevistas, justificativas e múltiplas projeções ordinariamente teimam em limitar o tratamento da “crise” a motivos econômicos pontuais, postura canalha que, de certa forma, mais parece desesperada tentativa de preservar e esconder a verdadeira ruína patológica do sistema capitalista na metodologia neoliberal e sua forma viciada de funcionamento.
Presenciar os noticiários televisivos, abrir os jornais e boa parte das revistas “de massa” é quase como assistir um filme repetido ou reler determinado livro com a diferença de que o roteiro e a pauta dos assuntos pecam sempre pela falta de originalidade, repetem e “papagaiam” sempre mais do mesmo vazio intelectual no qual nada se aprofunda, nada se discute, nada se problematiza, ao mesmo tempo em que tudo é simplificado a pretexto de que esta é a “vontade geral” (será mesmo?).
Tanto é assim que a “milagrosa” receita revelada para evitar maior desemprego e excesso de produção para falta de demanda de bens de consumo produzidos em ritmo industrial é o ópio alienante e desestruturante da sociedade pós-moderna: consumo, de preferência desnecessário e conduzido impulsivamente pelas necessidades artificiais do mercado, ainda mais se for época de Natal, Páscoa ou mesmo Dia do Trabalhador, datas cujo significado social, político e filosófico, de modo geral, passa ao largo de reportagens minimamente criteriosas e informativas.
De outro lado, generoso espaço é dado para que empresários e banqueiros, que até ontem enchiam os bolsos com os benefícios do sistema de exclusão social, apresentem "apelo público" a subsídios governamentais com a chantagem cretina de que, se assim não for, haverá desemprego. Que dizer então quando a imprensa resolve mostrar a "injustiça" e desnecessidade que é se prender uma milionária empresária acusada de sonegar milhões em impostos ? Do mesmo modo, qualquer “pacto” simbólico selado entre chefes de poder ganha apenas destaque inicial sem nenhum tipo de monitoramento e acompanhado da efetividade do que foi proposto, mostrando que a memória deste tipo de mídia costuma ser altamente fraca e "seletiva".
Todavia, por mais que a grande imprensa pareça ignorar, há quem diga e sustente que o problema “da crise”, muito mais do que passageira tempestade financeira e econômica, passa pela constatação de fracassos da ordem civilizatória.
A falta de identidade, a perda de sentido e sensibilidade nas relações humanas, o fracasso do Estado no cumprimento do seu papel de transformar a realidade somados à ausente quando não propriamente inexistente regulação econômica e financeira da lucratividade do capital parecem ter maximizado os problemas da “globalização” como fenômeno feito para dividir o planeta dialogicamente entre ricos e pobres, entre os que consomem e os que precisam aprender a conviver com a miséria e falta de oportunidades.
A falta de uma imprensa “engajada”, livre, conectada com a população e comprometida com todos os valores do Estado Democrático de Direito pode ser o último ingrediente que falta para que, dentre muitos e plurais problemas, o caos esteja cada vez mais instalado entre nós...
Todavia, caminhos equivocados até aqui seguidos cegamente e não raras vezes sem críticas precisam ser revistos.
Qualquer que seja o prisma do exame, dependendo da “paralaxe” e da perspectiva, na melhor expressão de ZIZEK, afastado o mito histórico e ilusório da liberdade da auto-regulação do mercado como princípio (tanto é que se voltou a falar de KEYNES como nunca) e muitas outras premissas repetidas sem massa crítica, reforçada a crença de que a atmosfera de um mundo mais justo não só é possível como algo urgente e necessário, é de se lamentar o fato de que os atuais representantes dos países historicamente imperialistas (e também a imprensa), no fundo, pareçam estar mais preocupados com o seus problemas egoístas e comerciais internos do que, propriamente, investidos de solidariedade necessária para buscar soluções “globais” de redistribuição de renda e fundos que permitam romper com o desemprego, com o trabalho escravo, com os bolsões de pobreza, com a desaceleração da economia, com a xenofobia, com o financiamento da indústria da arma e da guerra (que faz o verdadeiro terrorismo oficial) e tantos outros problemas vinculados à crise, que, para quem quiser e puder “ver", certamente, vão muito além do que tem sido cotidianamente reproduzido quase xerograficamente...
Basta olhar de modo crítico o quadro que temos para se perceber que a superação da tal “crise” vai muito além de alguns cênicos e cínicos quadros midiáticos que, no fundo, escondem a preocupação de se manter a hegemonia de um sistema que, até aqui, em muitas dezenas de anos de utilização, fez poucos prosperaram ao custo de determinar que muitos tenham de nadar no meio da miséria...
De outro lado, enquanto falta aprofundamento da discussão do alcance e das múltiplas razões e causas “da crise”, nos mesmos jornais, noticiários e periódicos sobra espaço para desfile das vaidades (quando não frivolidades) dos representantes políticos governistas de plantão, intervenções que, por sua vez, não são submetidas ao debate crítico e construtivo junto com a população, no máximo sendo "mediadas" com as intervenções de alguns selecionados “especialistas”, que são quase sempre os mesmos.
O ambiente é de total falta de legitimidade democrática. A pauta da imprensa nacional, inclusive internacional, copia os piores “tablóides” ao se preocupar com as últimas fotos íntimas que foram descobertas envolvendo a esposa de um determinado governante conservador “de direita” ou mesmo com os filhos reconhecidos posteriormente por outro Presidente latino-americano identificado como “de esquerda” do que, propriamente, com a discussão da diferença dos seus governos e discursos. A pessoalidade é a nota predominante. Qualquer reprodução e acompanhamento de encontro ou visita simbólica aqui e ali fica resumido em cumprimentos, fotos, aperto de mão, quando não propriamente limitado à transcrição de frases de ocasião repetidas exaustivamente sem mínima contextualização, como se todos fossemos idiotas.
Muito se diz, muito se fala da tal “crise”, mas dela pouco verdadeiramente se informa.
As cenas, entrevistas, justificativas e múltiplas projeções ordinariamente teimam em limitar o tratamento da “crise” a motivos econômicos pontuais, postura canalha que, de certa forma, mais parece desesperada tentativa de preservar e esconder a verdadeira ruína patológica do sistema capitalista na metodologia neoliberal e sua forma viciada de funcionamento.
Presenciar os noticiários televisivos, abrir os jornais e boa parte das revistas “de massa” é quase como assistir um filme repetido ou reler determinado livro com a diferença de que o roteiro e a pauta dos assuntos pecam sempre pela falta de originalidade, repetem e “papagaiam” sempre mais do mesmo vazio intelectual no qual nada se aprofunda, nada se discute, nada se problematiza, ao mesmo tempo em que tudo é simplificado a pretexto de que esta é a “vontade geral” (será mesmo?).
Tanto é assim que a “milagrosa” receita revelada para evitar maior desemprego e excesso de produção para falta de demanda de bens de consumo produzidos em ritmo industrial é o ópio alienante e desestruturante da sociedade pós-moderna: consumo, de preferência desnecessário e conduzido impulsivamente pelas necessidades artificiais do mercado, ainda mais se for época de Natal, Páscoa ou mesmo Dia do Trabalhador, datas cujo significado social, político e filosófico, de modo geral, passa ao largo de reportagens minimamente criteriosas e informativas.
De outro lado, generoso espaço é dado para que empresários e banqueiros, que até ontem enchiam os bolsos com os benefícios do sistema de exclusão social, apresentem "apelo público" a subsídios governamentais com a chantagem cretina de que, se assim não for, haverá desemprego. Que dizer então quando a imprensa resolve mostrar a "injustiça" e desnecessidade que é se prender uma milionária empresária acusada de sonegar milhões em impostos ? Do mesmo modo, qualquer “pacto” simbólico selado entre chefes de poder ganha apenas destaque inicial sem nenhum tipo de monitoramento e acompanhado da efetividade do que foi proposto, mostrando que a memória deste tipo de mídia costuma ser altamente fraca e "seletiva".
Todavia, por mais que a grande imprensa pareça ignorar, há quem diga e sustente que o problema “da crise”, muito mais do que passageira tempestade financeira e econômica, passa pela constatação de fracassos da ordem civilizatória.
A falta de identidade, a perda de sentido e sensibilidade nas relações humanas, o fracasso do Estado no cumprimento do seu papel de transformar a realidade somados à ausente quando não propriamente inexistente regulação econômica e financeira da lucratividade do capital parecem ter maximizado os problemas da “globalização” como fenômeno feito para dividir o planeta dialogicamente entre ricos e pobres, entre os que consomem e os que precisam aprender a conviver com a miséria e falta de oportunidades.
A falta de uma imprensa “engajada”, livre, conectada com a população e comprometida com todos os valores do Estado Democrático de Direito pode ser o último ingrediente que falta para que, dentre muitos e plurais problemas, o caos esteja cada vez mais instalado entre nós...
Todavia, caminhos equivocados até aqui seguidos cegamente e não raras vezes sem críticas precisam ser revistos.
Qualquer que seja o prisma do exame, dependendo da “paralaxe” e da perspectiva, na melhor expressão de ZIZEK, afastado o mito histórico e ilusório da liberdade da auto-regulação do mercado como princípio (tanto é que se voltou a falar de KEYNES como nunca) e muitas outras premissas repetidas sem massa crítica, reforçada a crença de que a atmosfera de um mundo mais justo não só é possível como algo urgente e necessário, é de se lamentar o fato de que os atuais representantes dos países historicamente imperialistas (e também a imprensa), no fundo, pareçam estar mais preocupados com o seus problemas egoístas e comerciais internos do que, propriamente, investidos de solidariedade necessária para buscar soluções “globais” de redistribuição de renda e fundos que permitam romper com o desemprego, com o trabalho escravo, com os bolsões de pobreza, com a desaceleração da economia, com a xenofobia, com o financiamento da indústria da arma e da guerra (que faz o verdadeiro terrorismo oficial) e tantos outros problemas vinculados à crise, que, para quem quiser e puder “ver", certamente, vão muito além do que tem sido cotidianamente reproduzido quase xerograficamente...
Basta olhar de modo crítico o quadro que temos para se perceber que a superação da tal “crise” vai muito além de alguns cênicos e cínicos quadros midiáticos que, no fundo, escondem a preocupação de se manter a hegemonia de um sistema que, até aqui, em muitas dezenas de anos de utilização, fez poucos prosperaram ao custo de determinar que muitos tenham de nadar no meio da miséria...
Nesse prisma, não é exagero entender que os mesmos privilégios da monarquia e as mesmas deficiências do Estado Absolutista do Antigo Regime continuam sendo mantidos, ainda que sob “máscara” e "roupagem" atualizada.
O que a maior parte (senão a totalidade) dos países ricos estão tentando fazer até agora, não passa de uma “improvisação” borrada e insuficiente para melhorar um quadro que precisa de traçar novos contornos, de preferência com outras e mais democráticas cores...
Assim, se o efeito impactante da crise demonstra a desgraça de um modelo econômico injusto e perverso, somente a mudança radical de paradigmas poderá permitir a abertura de um novo panorama, o que não se faz com puro e vazio simbolismo, mas sim com uma ação virtuosa, criativa, continuada, eficaz e, sobretudo, libertária (o trabalho do gênio russo KANDINSKY que o diga...).
É hora de se rever o pacto entre as nações ricas e pobres, incluindo as relações de cidadania, comércio a relações exteriores. É hora da imprensa cumprir com o seu papel de permitir a discussão destas questões com o conjunto das forças vivas da sociedade.
Vale arriscar alguma perspectiva. Enquanto, por exemplo, os países historicamente imperialistas e ricos (notadamente o vizinho norte-americano e os gigantes eurocentristas) e também a imprensa não tiverem a alteridade verdadeira (não simplesmente oportunista), de enxergar a África, a Ásia, a América Latina e a parte “marginal” do resto da Europa como espaços de necessário fortalecimento da dignidade dos seus povos, nada virá de novo.
Nesse contexto, recomendável que cada cidadão tenha extremo cuidado para não ser seduzido pelo "canto" simplistas aparentemente persuasivos, porém desacompanhados de base teórica ou medidas práticas adequadas para a sua concretização. Sugestivo que cada “ser-aí” trate de otimizar seu tempo para escolher muito bem o que lê e o que assiste para (re) determinar suas idéias e ações na vida em coletividade.
Sem mudanças estruturais no projeto da sociedade, sem a percepção de que “a crise” do capital financeiro também parece ser resultado do colapso de valores e de objetivos de um modelo de sociedade “doente” e plena de desigualdades, tudo continuará exatamente mal e ao mesmo tempo "fácil" como está.
“A crise” externa não pode ser desculpa para todos os problemas, mas sim ser o ponto de partida para a discussão e busca de uma nova constelação de modelos de ser e estar em sociedade.
É preciso que a imprensa divulgue bases teóricas e práticas para surja novo e libertador projeto coletivo capaz de permitir uma convivência mais equilibrada ou, do contrário, o estado de crise e exceção que hoje vivemos (AGAMBEN) pode se tornar permanente, a face dura e cruel do verdadeiro e oficial “terror”, que não pode continuar sendo patrocinado pela omissão de grande parte dos meios de comunicação.
A cruel ditadura do mercado financeiro precisa ter fim e limite na busca da dignidade e no reconhecimento do “outro” como também “meu” espaço de realização.
Enquanto isso, de se acreditar que minoritária fração “livre” da imprensa possa exercer o papel pedagógico e crítico de catalisar e problematizar estas questões. Abastecer a população de informações eficientes para estruturação dos sentidos e das percepções capazes de conscientizar a coletividade da necessidade de se construir uma nova agenda pode ser importante e decisivo caminho para se construir algo novo.
Veja só como isto é! Será que no efeito e no tempo global já não chegou a época da imprensa livre fazer a diferença?
Enquanto se pensar que a solução para a crise está em se aceitar na simplista injeção de recursos públicos, nos bancos, nas multinacionais e em todos aqueles outros organismos que já se beneficiaram histórica e parasitariamente desse mesmo sistema, tudo o que estará fazendo é continuar dando mais, justamente para quem menos precisa, o que infelizmente não é nenhuma novidade.
A “crise” pode ser uma oportunidade de transformação, mas isso para quem quiser ou tiver meios de entender que o seu alcance e os motivos de seu estrago vão muito além do Estado continuar vivendo mais para servir o mercado financeiro e os interesses do capital do que para executar as políticas públicas necessárias para maior igualdade social.
Que a imprensa “informe” para que o povo, cada vez mais e melhor habilitado e capacitado no exercício do seu discernimento democrático (como sempre tudo passa pela educação), possa tomar sua consciência e cobrar dos governos mudança de rumo que entender necessárias para construção de maior justiça social.
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