domingo, 20 de setembro de 2015

Custo Brasil às avessas: acordes de um editorial irresponsável


A Folha de São Paulo, em Editorial deste Domingo (20 de setembro de 2015), toma estatísticas do IBGE relativas ao percentual de gastos do país frente ao PIB  de todas as esferas federativas para falar em "hipertrofia estatal" no Brasil; o texto fala em "estrutura paquidérmica", em "extravagância brasileira", em "gigantismo governamental", em "generosas cifras destinadas à seguridade social", afirmando que os compromissos previdenciários seriam "demasiados", cogitando de um rombo nas contas do INSS e dizendo, ainda, existirem"perdulárias regras para a concessão e cálculo dos benefícios". 

Pior do que isso, insinua o Editorial que o problema foi "obra da redemocratização", do "texto constitucional de 1988", que teria criado uma "teia de benefícios previdenciários, assistenciais e trabalhistas". 

Embora lá no meio desse texto o Editorial  fale-se em volume exorbitante de despesas com a dívida do governo, quem sabe não seria mais adequado mencionar que um dos motivos para a falta de soberania e atraso do país reside justamente no fato de aproximadamente 40 a 45% do orçamento do Brasil estar destinado a pagamento do juros e encargos de uma dívida injustificadamente nunca auditada. Ora, por que não enfrentar este tema, este objeto sim uma "escalada insustentável"?

Um desafio jornalístico adequado seria a Folha explicitar, numa série de reportagens profundas e especiais, como fazem os grandes jornais do Mundo (por exemplo, New York Times, Le Monde etc), onde exatamente está a hipertrofia estatal, a estrutura paquidérmica, a extravagância e as perdulárias regras para concessão e cálculo de benefícios previdenciários ou as benesses trabalhistas. Isso é o mínimo que precisa fazer para demonstrar responsabilidade jornalística com o editorial.

Outra curiosidade será saber o que pensa a folha sobre os gastos com pessoal. Será possível construir Estado sem carreira adequada e servidores públicos? 

Será que a Folha vai analisar os gastos que escapam da Previdência Social? Discutir o motivo de diversos benefícios serem pagos na via judicial e não administrativa?

A "radiografia do gigante", título do editorial, precisaria ir muito além do escrito, sob pena de irresponsabilidade jornalística, justamente advindo do Jornal que afirma estar "a serviço do Brasil".

No Editorial da Folha sobraram adjetivos e faltaram substantivos.

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