quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Sociedade brasileira e seus analfabetos





Indíviduos envolvidos em uma determinada ação ou problema social deveriam estar preparados e engajados para o seu adequado enfrentamento, máxime quando estão na condição de agentes políticos.

Não há razão para se viver em sociedade política a não ser agregar forças em prol da realização de objetivos comuns e metas necessárias.

Educação deveria ser direito de todos e dever do Estado segundo a Constituição da República. A mesma Carta diz que o Estado deveria zelar pela dignidade e pela promoção do bem de todos...

Infelizmente não é o que ocorre com a sociedade brasileira em relação ao analfabetismo.

Ao mesmo passo em que países irmãos latino-americanos já são "territórios livres" do problema (ex: Cuba, Bolívia, Venezuela), eis que o Brasil ostenta vergonhosa e elevada margem elevada de aproximadamente 10,5% (IBGE/2006) de analfabetos absolutos (que dizer então dos funcionais...), algo em torno de quase 20 milhões de brasileiros.

O exitoso e eficiente programa cubano de alfabetização "Yo sí puedo" parece passar longe, muito longe do solo tupiniquim.

Difícil entender como uma política pública que deveria ser prioritária consegue ser inescrupulosamente negligenciada com tanto e tão constrangedor "silêncio".

Também pudera, num orçamento público que prioriza o pagamento da "impagável" e eterna dívida (e por aqui nem se ala em auditoria para aferir a legalidade desta "conta"), muito mesmo não há de sobrar para educação e emancipação do povo pela cidadania positiva, a única capaz de transformar positivamente a realidade.

Na inscrição social (e simbólica) da política brasileira, do "projeto" de nação que temos ou que efetivamente nos falta, realmente erradicar o analfabetismo está longe de ser prioridade ou mesmo preocupação.

Mais do que missão para educadores e pedagogos, mais do que desafio para muitos canalhas da classe política, a razão da persistência do analfabetismo em índices alarmantes no nosso Brasil talvez mereça estudo dos sociólogos verdadeiros (não alguns cretinos que mandam rasgar tudo o que se escreveu quando chegam à Presidência da República).

Inveja e indiferença na sua lógica social, como ensina o sociólogo francês CLAUDE GIRAUD na sua obra "Las lógicas sociales de la indiferencia y la envidia" talvez expliquem, respectivamente, o sentimento que deveríamos nutrir dos nossos vizinhos (inveja) e a razão pela qual o problema continua instalado em nosso tecido social mesmo depois de 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e 20 anos da Constituição de 1988 (indiferença).

Se ensinar exige compreender que a educação é uma forma humana de intervenção no mundo de acordo com a pedagogia da autonomia do saudoso e genial PAULO FREIRE, dúvida não resta de que, em nossa democracia de papel, entre notas fiscais não esclarecidas e não-transparentes de "parlamentares", no "castelo" de cartas marcadas da disputa pelo poder, no alheamento e irresponsabilidade social da mídia sobre o tema, não falta quem queira prosseguir com uma "global" democracia de papel que ainda conta com a incapacidade e a alienação dos analfabetos para continuar fazendo deste Brasil um país onde não saber ler e escrever é pressuposto para continuemos com mais do mesmo, ou seja, reprodução de uma errada ideologia dominante que ainda impede o "desmascaramento" de quem quer deixar tudo exatamente como está.

4 comentários:

  1. Excelente artigo, que trata do "calcanhar de AQUILES",somente através da EDUCAÇÃO, saíremos do "faz de conta",para ingressar "no mundo real".

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  2. Acredito que tratar os analfabetos como sujeitos incapazes e alienados não são palavras de quem espera algum dia que este quadro da sociedade brasileira mude!
    Será que estas pessoas não têm capacidade de reinvidicar nada a seu favor? Será que elas não participam de práticas populares nas quais decidem quais melhorias devem ser realizadas, nos bairros onde moram por exemplo?
    É preciso que alguém as ensine "alguma coisa", ou melhor dizendo "todas as coisas"?
    Como será que estiveram no mundo até agora?
    É necessário rever alguns conceitos a respeito destes sujeitos, os quais devem ser respeitados por todos!

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  3. o texto esta bem misturado:uma pitada de verdade e dogmas irrelevantes.

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